Em breve você será um usuário de Cannabis
Quando a gente fala em maconha, o que você pensa?
A maioria das pessoas pensa no uso de drogas, jovens 'chapados', hippies, Bob Marley e outras associações caricatas. Porém já há algum tempo que a maconha vem sendo ressignificada no mercado e explorada para novos propósitos.
Atualmente chamado de Cannabusiness, este é um dos mercados mais promissores do mundo e espera alcançar USD 146,4 bilhões até o final de 2025.
Legalidade
O primeiro país a legalizar a Cannabis do mundo foi latino-americano! Sim! Em 2013, o Uruguai foi o primeiro país a liberar o consumo recreacional de cannabis no mundo. Nos anos seguintes, novas legislações controlaram os números de plantações, usos medicinais, venda em farmácias e lojas especializadas e por aí vai.
Você deve estar se perguntando: mas e a Holanda, não veio primeiro? Bom, lá é diferente. O país aceita o uso pessoal e posse da cannabis desde 1976, porém limitados a posse e venda de cinco gramas por pessoa. Quanto ao cultivo? Menos de cinco plantas.
O Canadá foi o segundo país a ser legalizado (em 2018) e opera com alto controle do governo que licencia as empresas para o cultivo, processamento e venda da planta, seja para uso recreacional ou medicinal. Em menos de um ano, o país já possui mais de 230 empresas licenciadas, entre elas a Canopy Growth, a maior companhia de cannabis do mundo com mais de 3.200 funcionários e ações na NYSE – por curiosidade, as ações da Canopy Growth tiveram em três anos um salto de 2125%. Isso sim é investimento com boa rentabilidade!
Nos Estados Unidos, o país segue as leis e acordo com cada estado. Hoje já são 33 estados com diferentes licenças, sendo 30 deles liberados para uso medicinal e nove para uso recreacional. Ainda assim, a maconha é proibida pelo governo federal.
No restante do mundo, a legalização está avançada em países como Austrália, Peru, Equador, Argentina, Venezuela, Espanha, Luxemburgo, Bélgica, Portugal, Jamaica, África do Sul e Israel. Infelizmente no Brasil a realidade parece distante e o mais perto que estamos é a liberação via Anvisa para o uso medicinal caso a caso.
O marketing verde
Todos estão querendo uma fatia desse mercado promissor. O melhor meio de ganhar esse mercado é tornar o consumo de cannabis algo normal. Foi pensando nisso que Spike Jonze, famoso diretor de cinema norte-americano, criou o vídeo promocional para marca e loja Med Men. A marca é conhecida como o Starbucks da maconha e possui 25 lojas em funcionamento nos estados do Arizona, NY e Califórnia e está para abrir mais dez na Flórida. O objetivo da marca é a normalização da cannabis na rotina do consumidor americano.
Veja o video abaixo:
Não poderia ser diferente com as celebridades. Estes estão cada vez mais presentes em prol da legalização e avanço das leis nos Estados Unidos e vão além em suas participações. Entre eles estão Mike Tyson, que possui marca própria e seu acampamento de luxo para vivenciar e curtir sua plantação na California. Além disso, a melhor sociedade dos últimos tempos –Snoop Dogg se juntou a ninguém menos que Martha Stewart num empreendimento da cannabis.
Maconha por tipo de aplicação
O boom do Cannabusiness pode fazer com que pensem: estamos aumentando e legalizando o consumo de droga?! Não é isso. A cannabis deve ser melhor entendida antes de criticar.
Cannabis é o nome cientifico da planta da maconha. A maconha há anos vem sendo tratada como a erva alucinógena e que dá barato, mas isso não é a Cannabis, isso se chama THC. O THC está em algumas composições de alguns tipos da planta da Cannabis, ou seja, a maior parte dos produtos e derivados da Cannabis contém menos de 0,3% de THC e não gera nenhum efeito alucinógeno.
Para entender melhor o tipo de aplicação da Cannabis, nomeamos pelo tipo de uso.
A mais conhecida até então era a maconha recreacional, ou seja, a que contém THC, que é comprada em coffee shops em Amsterdam, a que "dá barato". Essa representa cerca de 35% do mercado total e é esperada que na sua legalização supere o mercado de venda de tabaco.
A segunda classificação e mais popular é a cannabis medicinal –26o cannabidiol (CBD). Aqui o uso de CBD tem apresentado resultados incríveis em pacientes com câncer, dor, ansiedade, perda de apetite, processos inflamatórios, controle de crises epiléticas e outros. O CBD tem potencial de venda de USD 22 bilhões até 2022.
E a última apresentação é a cannabis com fins industriais. Os produtos adjacentes da maconha estão aparecendo com mais frequência e estão em mercados inimagináveis como energia, construção, biodiesel, têxtil, plástico.
A concorrência inesperada
A propagação dos derivados da cannabis por diversos setores está alcançando um lugar que jamais esperávamos ou tivéssemos noção que pudessem haver espaço para concorrência. O potencial da planta está bem mais próximo de nós do que imaginávamos. Um desses casos é o do plástico.
Um plástico comum leva anos para se decompor, enquanto que o plástico feito de maconha é biodegradável, possui a mesma durabilidade e leva pouquíssimo tempo para decomposição total. Já foi usado em carros, óculos e funciona perfeitamente como material para impressora 3D. Dizem por aí que o hemp-based bioplastic está a caminho de superar o mercado atual de plásticos a base de petróleo na próxima década.
Outro exemplo é no setor de construção. No futuro espero ter uma casa de maconha. Parece improvável mas não é, o hempcrete, ou concreto de maconha, já é uma realidade. Feito de uma mistura de fibras, cal e cannabis, é um bio-composto excelente como material de construção e isolamento. Funciona como um substituto para o dry wall e com maior duração do que qualquer outro material para o mesmo uso.
E não acaba aqui. A maconha, plantinha dos hippies, da marofa e ilegal, tem lugar também na indústria têxtil, no biodiesel e na fabricação de papel (principalmente papel higiênico, que evitaria o uso de 270 mil árvores por dia no mundo).
Estão entendendo que temos com a cannabis uma concorrência vinda de um mercado que muitos jamais imaginariam? E não é só isso. O mercado de cannabis vem para matar não só o mercado do plástico, do tabaco, como muitos outros!
E ai? Ainda enxerga a maconha como antes?
Em breve você também será um usuário de cannabis em vários de seus formatos.
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