Dilema moderno: ser humano ou ser ciborgue?
Na semana passada falei um pouco sobre o que é ciborgue e contei a história do Neil Harbisson. Pra quem não leu, segue o link.
E não foi que nessa última semana uma nova história cibernética ganhou destaque em vários jornais internacionais? Eis que um cientista optou por se tornar o primeiro ciborgue completo do mundo. Isto é, se tornar um ser 100% robótico!
O Dr. Peter Scott-Morgan foi diagnosticado há dois anos com a doença do neurônio motor, que afeta a fala, deglutição, movimentos do corpo, atividade muscular e até respiração. Diante do quadro de pouquíssima expectativa de vida, desafiou a ciência com o objetivo de estender a sua vida e se tornar o que ele mesmo chamou de Peter 2.0.
Por meio de cirurgias de transformação (parte de sua equipe é mesma que trabalhou com Stephen Hawking por anos), Peter terá os seus sentidos transformados em robóticos: poderá controlar seus computadores via movimentos dos olhos; terá a sua laringe retirada e sua fala armazenada em um banco de dados; por meio de um avatar, seu rosto poderá demonstrar emoções; e vai se movimentar via cadeira de rodas elétrica que o permite ficar sentado, deitado ou totalmente em pé.
Ainda assim, Peter teria suas necessidades fisiológicas afetadas. Por isso, ele passará por um processo cirúrgico para que sua alimentação seja por um tubo, com um cateter direto ligado à bexiga e uma bolsa de colostomia ao cólon.
Em seu Twitter, o Dr. Scott Morgan postou:
"ESSE É MEU ÚLTIMO POST como Peter 1.0. Amanhã eu substituo minha voz por potenciais décadas de vida, ao concluirmos o procedimento médico final para minha transição para um ciborgue completo, mês em que me disseram que estatisticamente eu estaria morto. Não estou morrendo, estou me transformando! Oh, como eu amo ciência !!!"
O avatar fala usando um mecanismo de conversão de texto em fala com uma voz gerada a partir de gravações da própria voz de Morgan e os movimentos animados são executados em uma cabeça digital gerada a partir do seu rosto. Crédito: Embody Digital.
Embora muitos venham a considerar o processo loucura, narcisismo ou uma tentativa de vencer a morte, a história de Peter 2.0 desafia o que até então entendíamos como ser humano. No caso de Neil, ser ciborgue foi uma escolha para desenvolver novos sentidos e habilidades sobre humanas. Mas e no caso de Peter, em que a utilização da tecnologia entra para prolongar sua expectativa de vida?
No futuro, todos seremos ciborgues.
Ainda que não da maneira extrema como o Dr. Scott Morgan optou, acredito que não seremos mais majoritariamente humanos do ponto de vista biológico. Por outro lado, o ser humano, como psicologia de consciência e pensamento, ainda estará em nós. Este será o momento em que questionaremos, afinal, O QUE É SER HUMANO?
Fica a reflexão.
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